quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Quando o telefone toca...

Não, não vou falar de telemarketing. Era coisa que dava pano para mangas, mas hoje vou falar-vos da minha experiência como telefonista. É verdade. Lá no escritório já tivemos um senhora que fazia todo o trabalho de secretariado, mas depois de se reformar, ficámos nós a atender o telefone "à vez" e cada um trata das suas cartas e afins.

Já me aconteceu quase de tudo. Vou registar aqui alguns exemplos. Em todas as situações retratadas, a primeira fala é minha, é só seguir a sequência.

Situação 1:
- Escritório de Advogados, bom dia.
- Estou a falar com a Dona XXXXX (que era a senhora da secretaria)?
- Não, daqui é...
Pi pi pi pi pi pi pi (a.k.a. a pessoa desligou-me a chamada na cara).


Situação 2 (com uma funcionária judicial, depois de ter passado por outras duas que não me queriam sabiam resolver o problema):
- Estou a falar para o Tribunal de XXXX, Secção XXXX?
- Sim.
- Estou a falar do escritório XXXXXX, e precisava de uma informação sobre um processo. Será que me podia ajudar?
- Diga o número do processo.
- Ora, é o processo XXXXXXXXXXXX.
- E o que é que quer?
Lá expliquei à pessoa, provavelmente mais que uma vez, já não me lembro bem da conversa, mas sei que passei uns 10 minutos a ser mal tratada por telefone. Sei que precisava de alguma coisa que a pessoa não queria dizer ou fazer. Foi uma luta. Entretanto houve qualquer coisa na conversa que, para a funcionária, não estava a "bater certo" e então perguntou:
- Com quem estou a falar? É a empregada?
- Sou colega.
- Oh Sra. Dra.! Bem... vamos fazer o seguinte ... (E pronto, assunto resolvido, mas por especial favor! Pois.)


Situação 3 (hoje de tarde):
- Escritório de Advogados, boa tarde.
- Estou? Queria falar com a Dra. XXXXXX
- Neste momento a Sra. Dra. não está no escritório.
- É que eu precisava de falar com ela, é muito urgente!
- E é a Dona...?
- Sou cliente dela.
- Sim, mas eu preciso de saber quem é para poder informar a Sra. Dra. quando ela chegar.
- Diga que é a Dra. XXXX, ou só XXXX, também dá.
- Ah, Dona XXXXX, como está? (Já tinha ouvido falar dela).
- Desculpa, mas com quem estou a falar?
- Com uma colega de escritório.
- Oh Sra. Dra.! Já me lembro de si! (Acho que nunca a vi na vida...) Como está?! Olhe, desculpe, não a estava a conhecer... Mas o que se passou foi o seguinte... (e o resto da conversa foi tudo o que de bom e afável que há no mundo).


Gostaram? Eu também. Adorei cada uma delas. E isto é apenas um exemplo. Também já apanhei telemarketing no escritório, mas esses despacho-os bem quando digo que não sou a pessoa responsável pela coisa. Mas o que mais me dá comichões nas entranhas é mesmo saber que só me tratam como uma pessoa quando percebem que sou "senhora doutora". A falta de educação é uma coisa muito triste, não haja dúvida... mas pronto, uns morrem, outros ficam assim. Vai dando para rir.

5 comentários:

  1. Gostava imenso de trabalhar, nem que fosse por um só dia, a atender telefones. Sempre achei piada às pessoas do outro lado da linha quando tentam vender alguma coisa, e depois de lhes dizer que não, voltam a insistir e a insistir e a insistir, tanto que às vezes apetece desligar a chamada na cara...mas bons princípios acima de tudo. =P

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  2. Uma triste realidade das pessoas do nosso país. Antipáticas para pessoas que assumem ser inferiores e depois mudam milagrosamente. Enfim, não deve ser nada fácil fazer esse trabalho!

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  3. Ahahah há com cada situação! x) E "adoroooo" pessoa antipáticas.

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  4. Infelizmente pessoas desse género não falta por aí. Olha, pelo menos ainda ris-te com a situação.

    PS: Já mudei o link do meu blog, agora é http://blog-norwegian-wood.blogspot.pt/

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  5. Tristemente, em Portugal ainda se escolhe a forma de tratar os outros seres humanos tendo apenas em consideração o grau académico que se pode colocar antes do nome próprio. Somos muito pequeninos nessa parte, ainda. :(

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